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Paulo Ferraz ǀ sèrieAlfa 63

 

Foto: Joan Navarro

 

                                                                                       

Paulo Ferraz

 

 

Para não esquecer nº 5

 

Per a no oblidar núm. 5

Para no olvidar nº 5

Pour ne pas oublier

 

 

 

 

pparanao

 

Para não esquecer nº 5

 

 

Para Frei Tito

 

I

 

— Tito, vou te dizer uma coisa,

melhor, não vou te dizer nada,

te dou de presente um silêncio.

Te solto na noite para que

você corra, mas te aviso:

meu silêncio vai no teu

encalço, vai te farejar

aonde quer que for.

Sou sabujo, sarnento,

mas sabujo. Fuja, Tito.

Te elejo meu Barrabás, entrego

este outro ao Gólgota,

você eu liberto, vá, corra

o mundo, corra de mim.

 

II

 

Mea culpa mea maxima culpa

era o que queriam que você dissesse,

mas que culpa há em amar o próximo,

em querer um mundo comum a todos?

Confessar, Tito, é um verbo que

se conjuga por amor, jamais por medo.

É preferível morrer que perder a vida.

 

 

Paulo Ferraz é autor dos livros Constatação do óbvio, Evidências pedestres, De novo nada e Roteiro da poesia brasileira – anos 90 (org.).

 

 

P

 

drenatge

 

Per a no oblidar núm. 5

 

 

Per a Frei Tito

 

I

 

— Tito, et diré una cosa,

millor, no et diré res,

et done de regal un silenci.

Et solte de nit perquè

córregues, però t’avise:

el meu silenci

t’encalçarà, t’ensumarà

sigues on sigues.

Sóc gos coniller, sarnós,

però gos coniller. Fuig, Tito.

T’elegisc com el meu Barrabàs, entregue

aquest altre al Gòlgota,

t’allibere, vés, corre

el món, escapa’t de mi.

 

II

 

Mea culpa mea maxima culpa

era el que volien que digueres,

però quina culpa hi ha en estimar el proïsme,

en voler un món comú a tots?

Confessar, Tito, és un verb que

es conjuga per amor, mai per por.

És preferible morir que perdre la vida.

 

 

Paulo Ferraz és autor dels llibres Constatação do óbvio, Evidências pedestres, De novo nada i Roteiro da poesia brasileira – anos 90 (org.).

 

| Traducció: Joan Navarro

 

 

P

 

drenaje

 

Para no olvidar nº 5

 

 

Para Frei Tito

 

I

 

— Tito, te diré una cosa,

mejor, no te diré nada,

te doy de regalo un silencio.

Te suelto de noche para que

corras, pero te aviso:

mi silencio te

perseguirá, te husmeará

fueras donde fueres.

Soy sabueso, sarnoso,

pero sabueso. Huye, Tito.

Te elijo como mi Barrabás, entrego

a este otro al Gólgota,

te libero, ve, corre

el mundo, escápate de mí.

 

II

 

Mea culpa mea maxima culpa

era lo que querían que dijeras,

pero ¿qué culpa hay en querer al prójimo

en querer un mundo común a todos?

Confesar, Tito, es un verbo que

se conjuga por amor, nunca por miedo.

Es preferible morir que perder la vida.

 

 

Paulo Ferraz es autor de los libros Constatação do óbvio, Evidências pedestres, De novo nada y Roteiro da poesia brasileira – anos 90 (org.).

 

| Traducción: Joan Navarro

 

 

P

 

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Pour ne pas oublier

 

À Frei Tito

 

I

 

— Tito, je vais te dire une chose,

mieux encore, je ne te dirai rien,

je te donne un silence en cadeau.

La nuit je te lâche pour que

tu coures, mais je te préviens :

mon silence te poursuivra

te flairera

que tu sois

Je suis un limier, galeux

mais un limier. Fuis, Tito

Je te choisis comme mon Barrabas, je donne

cet autre au Golgotha,

je te rends ta liberté, va, cours

le monde, échappe-toi de moi.

 

II

 

Mea culpa mea maxima culpa

c’est ce qu’on voulait que tu dises

mais quelle faute y a –t-il à aimer son proche,

à vouloir un monde commun à tous ?

Confesser, Tito, c’est un verbe qui

Se conjugue par amour, jamais par peur

Il est préférable de mourir que de perdre la vie.

 

 

Paulo Ferraz est auteur des livres suivants : Constatação do óbvio, E vidências pedestres, De novo nada et Roteiro da poesia brasileira – anos 90 (org.).

 

| Traduction : Dolors Català

 

 

P

 

 

Victor del Franco

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