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[EDUARDO LACERDA
Como um equipamento que
funciona, mas apresenta
defeito
em algum momento escolhi como gesto algo entre a dúvida
e o excesso.
/ se dou-me meio abraço,
(pois é isso o que faço: passo meu braço direito pelo meu peito
e toco meu ombro esquerdo.)
o meu reflexo quando me toco e me chamo
é olhar para o outro lado.
E se me ignoro, quando me chamo
quando toco meu ombro
como a aparelho para que pegue
no tranco
soco-me para que aceite
o meu afago.
Não funciona.
Dar de ombros é o meu aceno.
para Aline
Esta pálpebra revela, quando se fecha, que se ajoelha ao que deseja e se curva ao que espera.
Ela não vê, está cega.
Ainda que esfregue os olhos, ela mesma
não se enxerga.
E esconde de sua retina que se arregala,
e brilha (como cortina que uma festa encerra)
tudo aquilo
ao que se destina.
O seu destino.
Ela está presa, pele cárcere que repete
Sísifo.
Carrega em sua cabeça cada peça do que pede, tímida como quem reza.
Cruza os dedos, arranca os cílios.
Ela realizará à força o que é pedido,
mas parece promessa.
Chora?
É um cisco.
Eduardo Lacerda, Porto Alegre, 1982. Poeta graduando em Letras pela Universidade de São Paulo e co-editor do jornal de literatura contemporânea O Casulo. Trabalha como produtor de eventos culturais, como saraus, recitais e lançamentos. Tem poemas publicados em revistas literárias como Entrelivros, Mirante, FNX e A Cigarra e em sites como Germina Literatura, Cronópios, Vagalume.
Com un equip que
funciona, però mostra
un defecte
en algun moment vaig escollir com a gest quelcom entre el dubte
i l’excés.
/ si em done mitja abraçada,
(perquè és això el que faig: passe el meu braç dret pel meu pit
i toque el meu muscle esquerre.) el meu reflex quan em toque i em cride
és mirar cap a un altre costat.
I si m’ignore, quan em cride
quan toque el meu muscle
com a l’aparell perquè funcione
en l’empenta
em colpege perquè accepte
la meua carícia.
No funciona.
Arronsar els muscles és el meu senyal.
per a Aline
Aquesta parpella revela, quan es tanca, que se sotmet a allò que desitja i s’inclina a allò que espera.
Ella no s’hi veu, està cega.
Encara que es fregue els ulls, ella mateixa
no es veu.
I amaga de la seua retina que s’esbatana,
i brilla (com teló que una festa conté)
tot allò
al que es destina.
El seu destí.
Ella està presa, pell presó que repeteix
Sísif.
Carrega en el seu cap cada peça del que demana, tímida com qui resa.
Creua els dits, arranca les pestanyes.
Ella realitzarà a la força el que ha estat demanat,
però sembla una promesa.
¿Plora?
És una brossa.
Eduardo Lacerda, Porto Alegre, 1982. Poeta llicenciat en Lletres per la Universitat de São Paulo i coeditor d’O Casulo - Jornal de literatura contemporânea. Treballa com a productor d’esdeveniments culturals, com tertúlies literàries, recitals i llançaments. Té poemes publicats en revistes literàries com Entrelivros, Mirante, FNX i A Cigarra i en sites com Germina Literatura, Cronópios, Vagalume.
[Traducció de Joan Navarro
Como un equipo que
funciona, pero muestra
un defecto
en algún momento escogí como gesto algo entre la duda
y el exceso.
/ si me doy medio abrazo,
(pues es eso lo que hago: paso mi brazo derecho por mi pecho
y toco mi hombro izquierdo.)
mi reflejo cuando me toco y me llamo
es mirar para otro lado.
Y si me ignoro, cuando me llamo
cuando toco mi hombro
como al aparato para que funcione
en la sacudida
me golpeo para que acepte
mi caricia.
No funciona.
Encoger los hombros es mi señal.
para Aline
Este párpado revela, cuando se cierra, que se somete a lo que desea y se inclina a lo que espera.
Ella no ve, está ciega.
Aunque se frote los ojos, ella misma
no se ve.
Y esconde de su retina que se desencaja,
y brilla (como telón que una fiesta encierra)
todo aquello
a lo que se destina.
Su destino.
Ella está presa, piel cárcel que repite
Sísifo.
Carga en su cabeza cada pieza de lo que pide, tímida como quien reza.
Cruza los dedos, arranca las pestañas.
Ella realizará a la fuerza lo que ha sido pedido,
pero parece una promesa.
¿Llora?
Es una mota.
Eduardo Lacerda, Porto Alegre, 1982. Poeta licenciado en Letras por la Universidad de São Paulo y coeditor de O Casulo - Jornal de literatura contemporânea. Trabaja como productor de eventos culturales, como tertulias literarias, recitales y lanzamientos. Tiene poemas publicados en revistas literarias como Entrelivros, Mirante, FNX y A Cigarra y en sites como Germina Literatura, Cronópios, Vagalume.
[Traducció de Joan Navarro
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