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[Claudio Daniel]

 

As dádivas
[Las dádivas]


Encantação do Tigre


Tabi

 

Escrito em flor (I)


Schopenhauer

Schopenhauer
[Schopenhauer]

 

canção da árvore de mil folhas

[canción del árbol de mil hojas]


[
Sarabanda]

 

Lua sobre o verde
[
Lluna sobre el verd]

 

Hora do tigre

[Hora del tigre]

 

 
 
 

Encantação do Tigre

 
 

o
mar;
digo: tigre,
pupilas de verde fúria;
suas tígricas vagas, garras,
punhais esfervilhantes
em arcadas de espuma, presas aguçadas;
o fluir e o refluir de suas águas
em ondulação, tigrinoso emblema da fera,
cantabile alabarda em jaspe e luzidia prata urdida,
nos seduz como selvagem dança sarracena,
seus lenços de tépida alfazema escura;
dissolvidos em seu puro olhar
de algas em si algas, najas, corais
em opalino alvoroço musgoso,
não mais resistimos, estancados na argêntea areia,
e entramos em suas águas de água
sob o sol; aí cessamos.

 

Δ

 

 

As dádivas

 

os dons
da água e do vento
silêncio de tigres
o branco areais a areia sem tempo
o branco
primícias
da sublime
desmemória:
vôo de borboletas

 

 

Δ

 

 

Schopenhauer..

Breve,
a jornada
água de nenhuma
fonte, gema
de extinta mina —
não mais que o fulgor
de vidros (cristaleira)
e o viço de madeira nova,
lua líquida. O tempo
lacera o verde
nos olhos do gato,
lepra das flores, ácido
que corrói toda cor ou pele
em escuro miasma,
peixes do nada.
Sim, você sempre soube:
este é um ofício doloroso,
uma ópera ruidosa.
Porém, tu foste o tigre.

 

 

Δ

 

 

Schopenhauer.

 

Água
de nenhum
mar, gema
de extinta mina,
não mais
que o fulgor
de vidros
(cristaleira)
e o viço
de madeira
nova,
lua líquida.
O tempo
lacera
o verde
nos olhos
do gato,
lepra
das flores,
ácido
que corrói
toda cor
ou pele
em escuro
miasma,
peixes
do nada.
Este
é um ofício
doloroso,
uma ópera
ruidosa.
Porém,
tu foste
o tigre.

       

                          

[En Na virada do século, São Paulo: Landy, 2002]

 

 

Δ

 

 

Schopenhauer

Agua
de ningún
mar, gema
de extinta mina,
nada más
que el fulgor
de vidrios
(cristalera)
y el vigor
de la madera
nueva,
luna líquida.
El tiempo
lacera
el verde
en los ojos
del gato,
lepra
de las flores,
ácido
que corroe
todo color
o piel
en miasma
oscura,
peces
de la nada.
Es
este un oficio
doloroso,
una ópera
ruidosa.
Entretanto,
tú fuiste
el tigre.
 

Traducció de Jesús Barquet]

 

 

Δ

 

 

Tabi

o vento
açoita
bambus:


dançam
sombras.

no caule
da vagem,
o orvalho

resvala
na lua.

o gato
imita
o tigre:

rumor
de aves.

brancas
geleiras
lácteas:

o colo
do cisne.

o fuji
apunhala
a névoa:

fiapos
de branco.

no sonho,
o monge
em viagem:

tudo
é miragem.

 


Δ

 

 

canção da árvore de mil folhas

 

o que exprime
essa esgrima silenciosa
esse pugilato de sombras?
simulacro de suave tigre de água e leo dragão de vento
flama de branca acácia e de salmão-pequeno
que combate no limiar entre a pele e a alma.
o que irradia
esse lento balé de plumas
esse desfile de facas e leques?
dança que traduz em passos de pantera
a canção da árvore de mil folhas
que não sabe da língua
mas do coração

 

 

Δ

 

 

canción del árbol de mil hojas

 

¿qué expresa
esta esgrima silenciosa
este pugilato de sombras?
simulacro de suave tigre-de-agua y leonín dragón-de-viento
llama de blanca acacia y salmonete
que combate en el umbral entre la piel y el alma.
¿qué irradia
este lento ballet de plumas
este desfile de abanico y cuchillos?
danza que en sus pasos traduce, hábiles como la pantera,
la canción del árbol de mil hojas
que no sabe de lengua
sino de corazón
 

[Traducció de Jesús Barquet]

 

 

Δ

 

 

Las dádivas


los dones
del agua y del viento
el silencio de los tigres
lo blanco
las arenas
la arena intemporal
lo blanco
primicias
de la sublime desmemoria:
vuelo de mariposas

 

[Traducció de Jesús Barquet]

 

 

Δ

 

 

Sarabanda

en el claro bajo la luz de la luna
danzan los tigres, los antílopes, los leopardos.

 

[Traducció de Jesús Barquet]

 

 

Δ

 

 

Escrito em flor (I)

Quem és tu, mulher inumerável?
Kurt Schwitters


Paisagem musical onde o amarelo
....dá sentido ao vermelho:

esta é uma canção
....de amor.

Lábio (pétala) submerge
....em topázio-tigre,
....até sangrar as ilhas
....do desejo.

Esfinge do espelho
....ou cegueira:
....(real)

....
imaginária.

Uma flor (a lebre), partículas
....do mundo
....nas retinas.

Cada abelha sonha
....uma rosa
....imantada.

Violetas indagam onde trópicos noturnos,
....ritmos
....bruxos,
....areias núbeis
....de contato.

No avesso das pálpebras:
....onde ver o porto da viagem,

....
do mistério ao desatino.

(E para sempre e mais um dia.)


Para Reginabhen

 

 

Δ

 

 

Lua sobre o verde
campo de batalha:
à espera dos tigres

 

 

Δ

 

 

Lluna sobre el verd
camp de batalla:
a l'espera del tigres

 

[Traducció de Joan Navarro]

 

 

Δ

 

 

Hora do tigre:
Gritam olhos e bocas
No estádio alucinado

 

 

Δ

 

 

Hora del tigre:
Criden ulls i boques
A l'estadi
al·lucinat

 

[Traducció de Joan Navarro]

 

 

Δ

 

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