Escrito aos cem anos de Jorge Luis Borges

 
  Em Buenos Aires, no Indostão, Madri
Nos velhos livros de um poeta cego, a ti
Procuro, homem que é pleno universo.
Já ter podido ver-te creio em luminoso verso
Que um deus (inda que o saber a angústia não mitigue)
Traçou no dorso flamejante de um tigre.
No que de Shakespeare o leitor se faz ou sente
E em muitas noites fabuladas no Oriente,
Na visão de Helena, ou da Beatriz de Dante
Na contemplação vertiginosa de um instante.
Procuro-te no labirinto roto que é Londres...
Mas já ignoro se existes, ignoro se te escondes.

Procuro a ti, contudo foges,
Procuro a ti, e encontro Borges.

                                                                               [Marcelo Cid]

 

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