.nas sucessivas camadas rentes ao
peito
há o bailado do vento
e
para cada eco
o rosto dos duendes esperneando são um olho de tigre.
descer às fontes sedutoras das mãos
a minha esfera de dentes nus
e florestas doiradas.
dança um corpo de gigante
nos versos de um imaginado poema
enruga nas montanhas.
seja o monstro
ruir da lua a que pertenço
de olhos secos visto os cânticos
dai-me a hora da linfa
que as janelas são prateadas e fazem Primaveras
e um palco
que a noite está próxima.
serei uma viagem
porque o vento é de febres e de fadas.
em todas as fantasias há um deserto
em que as lobas gemem selvagens
e cabeças subtraídas às estrelas.tenho uma auréola nos pulsos
e a morte assobia-me todas as vezes
que olho as paredes silábica e engulo.
um eclipse traz os miradouros perpétuos
e todos os estuários mais altos do mundo.
o vento que preso me traz os polígonos à beira dos lábios
porque à beira dos lábios
há um corvo e um ciclo
e caravelas negras.eu sou um átrio onde tantas víboras abraço.
o vento as tochas
e os vocábulos iluminados e o solo das grutas e as vestes.
queria alimentar-me do sal das pedras estas
e multiplicar os pomares
para regressar ao martírio de mim própria
e de alma branca navegar os cristais.
sei bordar as borboletas se o meu rosto até morrer fechado
.o vento estoira-me o estômago de segredos e jóias pretas.
[Cristina
Néry]
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