Entre a luz e o grão
o azul teto do sonho
e o barro chão,
o meu tigre adormece
e o pássaro vela.
No segredo, na sombra,
no rio, na pedra;
do meu fúlgido olho,
espectro de um pastor,
imoderada, pinga-se tão lúcida cor.
Entre as asas antigas
de um pássaro cantor,
transborda a Estrela
vestígio, silente, de um fungível abismo
tão fundo, negro, liso;
de um tronco nodoso à deriva
no azul escuro da eterna esfera.
No umbigo das bruxas, das feras,
a semente d’água,
o princípio, o indício
da sempiterna sensitiva:
fêmea nos lábios de Deus
pousada viva. Eva.
Palavra em eterna treva.
[Inez
Figueredo]
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