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| [Al Berto 1948-1997 (Alberto Raposo
Pidwell Tavares)]
Cromo levanta-te e obedece
à criança que foste [levántate
y obedece al niño que fuiste] arrumo papéis escritos para o último livro |
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andamos pelo
mundo
Cromo
andamos
por el mundo [Traducción: Nidia Hernández]
levanta-te e obedece à criança que foste vai pelo deserto da idade onde a mentira comendo a paisagem se expande dentro destas pobres imagens desmanteladas o voo das infelizes aves desprende-se da terra onde o corpo guardou o remoto canto das luas dos limos das areias e das primeiras águas abre agora as pálpebras no quarto escuro acorda o branco tigre pelo sangue terno do sono não tenhas medo do dilúvio onde o rapaz cresce deixa o cortante dia entornar-se luminoso como um punhal [O medo]
levántate y obedece al niño que fuiste
[Traducción: Sergio Ernesto Ríos]
arrumo
papéis escritos para o último livro com
um tigre prodigioso cravado nos ombros mantenho os dedos sujos de tinta há vários dias e
sempre que não consigo escrever fumo devagar encontro
o tempo necessário para não
fazer nada de
meu corpo corroído pela
febre ergo-me atravesso a sala desligo a televisão que nunca vejo junto à janela aberta a
mãe tece a
camisola em lã mal cardada um vestígio de dor envolve-me que
acontecerá à minha sombra? terei tempo de assobiar à morte? terei tempo de
levar comigo a roupa de que mais gosto? que
horas são? além perto da mãe talvez não seja
só febre isto que me
assola pode ser um indício de peste qualquer mal que alastra pela
mansa noite e
contamina os dias fechados
na desolação não consigo imaginar que se
morre sozinho sem
sombra sem doenças sem sangue aterroriza-me pensar que não poderei levar a
camisola tecida pela mãe na
interminável luminosidade
do mar [Uma existência
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