Tigre de Origami | ||
Para Alice K.
Límpido o papel em branco ladra (sob o tempo quântico),
as nossas rasuras raras, desamares, mãos avaras,
lavas de sangue (e bem mais que esta babel de fonemas
- incisa de vãs verdades - arde), ao clã de veleidades
onde 1 + 1 não são dois nem o verbo rege a luz,
pois o mundo às vezes teme que a palavra se apoeme.
E se o monitor delata o papel fora de pauta,
límpida a lauda – em seu nada – soletra o silêncio, alada
ao caos. Nem fogo dispersa, nem água é algo que impeça,
que num átimo ela se arme em um tigre de origami.
[Salgado Maranhão (José Salgado Santos)]
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