[Margarita Ballester] |
Último reduto | |
1
Tenho rememorado o som de corda da lira
a idade do tempo que se tensiona no tumulto
os campos de frutos e as pequenas vinhas
com aquele mar guardado nas pupilas.
Tudo é de mármore tão perto do Pentélico.
2
O dia é obscuro
a névoa baixa de um fevereiro adormecido
as árvores da silenciosa paisagem
guardam em seu cercado
um espírito de encantamento
e de repouso dos anos sobre as pedras:
tudo o que se passa dentro de meu bosque
se passou sem tempo codificável
somente no abrigo de contos e canções.
Nem o sonho resta intacto quando chega a saliva que devora eu que sonhava, como ele, um paraíso de dons celestes e o mar e os nomes de doces animais perfeitos habitados pelo homem. Desafiastes à noite o manjericão perfumado e uma parte tua e minha morria sob a lua tensa descarrilando num só instante a vida inteira.
[Entre dues espases, 2004]
[Margarita Ballester Figueras, nasceu em Barcelona, em 1942. É licenciada em Filosofia e Letras (História) pela Universidade de Barcelona (1965). Foi professora de História até se aposentar. Vive em Menorca desde 1990. Publicou três livros de poemas: L'infant i la mort, Columna edicions, Barcelona 1989. Els ulls, Columna Edicions, Barcelona 1995. Entre dues espases, Col·lecció "Jardins de Samarcanda", Editorial Cafè Central-Eumo, Vic.
[Tradução de Annita Costa Malufe]
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